“Eu não estava preparada para receber um aluno com autismo”
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“Eu não estava preparada para receber um aluno com autismo”

“Eu não estava preparada para receber um aluno com autismo”

Chegada de estudante com TEA pega de surpresa professora. Especialista dá dicas para educadores que se sentem despreparados para ensinar alunos com deficiência

Por Silvia Ferraresi

No final de uma das formações em educação inclusiva que realizo, fui procurada por uma professora que me relatou ter recebido uma nova estudante em sua volta ao trabalho após um período de licença-saúde. Para sua surpresa, a aluna estava acompanhada de sua mãe e de uma acompanhante terapêutica e chegou à aula gritando e realizando movimentos repetitivos. Ela tinha autismo.

A educadora não soube o que fazer. Não a conhecia, pois a garota não estudava na escola antes de sua licença e ninguém da equipe pedagógica havia lhe instruído sobre a situação. Comigo, a professora desabafou: “Eu não estava preparada. Gostaria de ter sido orientada, de saber mais sobre o autismo. Nunca tive um aluno com aquelas características”.

Proativamente, a educadora pegou uma das folhas de atividade e gentilmente colocou a mão no ombro da estudante para chamar sua atenção. O gesto simples desencadeou uma crise, que a agitou ainda mais. Acompanhante e mãe, então, retiraram-na da classe para acalmá-la, deixando a professora muito constrangida com a situação.

Após um tempo, contudo, a mãe retornou e a agradeceu por entregar a lição a sua filha – antes do episódio, nenhum educador havia feito algo parecido.

Formação em educação inclusiva

Todos os dias, professores enfrentam situações semelhantes e inúmeros alunos permanecem invisíveis em sala de aula. Ouço muitas histórias parecidas em todas as formações que realizo. O contexto muda, os relatos também, é claro, mas a queixa de despreparo é comum.

Para ajudá-los a lidar com situações como essa, é fundamental que a formação dos professores aborde temas sobre educação inclusiva. Infelizmente, poucas faculdades de pedagogia discutem diagnósticos e, com isso, grande parte dos educadores não sabe que deve ter ressalvas ao tocar um aluno com diagnóstico de TEA, por exemplo, pois muitos apresentam alterações sensoriais.

Nas formações que ofereço, procuro preencher essas lacunas de conhecimento, mostrando que a missão de incluir é possível mesmo quando o professor não teve acesso a esses saberes na faculdade.

Como fazer a inclusão escolar na prática?

Um primeiro passo é lembrar dos seguintes valores:

  • A educação inclusiva diz respeito a todos os alunos
  • O aluno está na escola para aprender
  • Todos os alunos aprendem

O centro de um trabalho pedagógico verdadeiramente inclusivo deve ser o estudante. E para isso, precisamos conhecê-lo de forma integral: suas características, habilidades, potencialidades, medos, sonhos, time do coração, desenhos favoritos etc. Informações simples como essas podem eliminar as barreiras entre você e o aluno e construir pontes facilitadoras de comunicação, que vão te ajudar a elaborar estratégias pedagógicas mais inclusivas.

O ponto de partida deve ser o currículo. Precisamos nos apropriar dele, tendo clareza do que é relevante para o estudante aprender. Você consegue dizer o que seu aluno realmente precisa saber? E onde esse aprendizado será relevante em sua vida?

Considerar quem é o aluno e saber o que ele precisa de fato aprender dentro de todos os conteúdos que preciso ensinar. É dessa forma que teremos mais discernimento para planejar as aulas, utilizando estratégias e recursos pedagógicos mais assertivos, que promovam ao aluno com deficiência a oportunidade de aprender.

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