Como usar tecnologias assistivas para incluir alunos?
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Como usar tecnologias assistivas para incluir alunos?

Como usar tecnologias assistivas para incluir alunos?

Saiba o que são essas ferramentas e como elas podem contribuir no processo de ensino-aprendizagem de todos os estudantes

Por Silvia Ferraresi

Novo ano letivo começando e você, educador, está cheio de energia para conhecer os novos alunos. Sua missão será alfabetizar 30 crianças, em uma sala de aula pequena e sem ar condicionado. Mas entre todos esses desafios, o maior é saber como trabalhar com aquele novo estudante, que usa cadeira de rodas e não fala. A coordenadora te entrega um laudo, no qual se lê “CID 10 – F84.9 – Transtornos globais não especificados do desenvolvimento”, mas essa informação não esclarece em nada suas dúvidas ou ilumina seus caminhos.

Você busca artigos para saber como incluir o garoto, mas não encontra nada prático. A semana de sondagem começa, outros alunos com dificuldades aparecem e suas preocupações aumentam. A essa altura, você já percebeu que o ano será bem desafiador.

Muitos educadores me relatam viver situações como essa durante as formações em educação inclusiva que ofereço. E para ajudá-los a pensar em possibilidades de inclusão, vou dar algumas dicas de como usar tecnologias assistivas (TAs) para criar estratégias pedagógicas inclusivas. Vamos lá?

O que são tecnologias assistivas?

Antes de responder essa dúvida, é preciso entender as diferenças entre integração e inclusão.

Integração é um modelo educacional que busca a normalização e nega as diferenças entre os alunos. Nele, são os estudantes quem devem se adaptar ao padrão estabelecido pela escola, que continua a mesma, com valores baseados na expectativa irreal de homogeneidade. O modelo da integração, cujo auge foi vivenciado por volta da década de 1970, veio antes da educação inclusiva em termos cronológicos, mas muitas de suas práticas permanecem na cultura das escolas até os dias de hoje.

Já a educação inclusiva é aquela que visa a inclusão dos alunos sem discriminação, contemplando suas diferenças, sejam de gênero, idade, origem étnica, deficiência etc. Ou seja, uma escola inclusiva é aquela que está de portas abertas para todos e que desenvolve estratégias diferentes para cada um. Ao contrário da integração, onde o estudante é quem deve se adaptar, a inclusão prevê acesso, permanência e aprendizagem para todos.

Investir no uso de tecnologias assistivas é um bom caminho para educadores que querem tornar a educação inclusiva uma realidade em suas escolas. Tecnologias assistivas (TAs) são ferramentas criadas para compensar os impedimentos de uma pessoa e melhorar sua capacidade funcional. Podem ser produtos, serviços, técnicas, procedimentos etc., e geralmente são usados para dar uma vivência mais autônoma às pessoas com deficiência. Ao usá-las em sala de aula, você garante que seu aluno com deficiência possa participar das atividades junto com os demais.

Como elaborar práticas pedagógicas?

Agora que você já sabe que a diferença do seu estudante não é um problema, e que você pode usar TAs, se necessário, para garantir sua inclusão, vamos voltar um pouco no processo de planejamento pedagógico, considerando agora os seguintes passos:

Conheça seu aluno

Por mais complexo que pareça, olhe para a criança e não para o diagnóstico. Olhe para o aluno de forma integral, observando como ele se comunica, seu desenvolvimento motor, a autonomia, as inteligências e formas de brincar.

A criança do exemplo acima não fala (oraliza) e isso não impede que ela se comunique, pois há tecnologias assistivas que podem ajudá-la, como ferramentas de comunicação alternativa, que vão desde uma prancha de papelão com figuras que a criança pode apontar ou softwares elaborados. O importante é encontrar uma forma para se comunicar com seu aluno, de entender suas necessidades e desejos.

Saiba o que seu aluno já sabe

Todos trazem um repertório de experiências e conhecimento. A família do estudante poderá colaborar com essa tarefa, contando o que ele gosta e sabe fazer. Essas informações ajudarão muito na elaboração de estratégias pedagógicas. Aproveite o primeiro encontro os familiares para perguntar as brincadeiras favoritas, o time do coração, os interesses e sonhos do aluno. Esses interesses poderão ser usados nas atividades, motivando todas as crianças, especialmente se o interesse for comum a outras.

Analise o currículo escolar

Tenha muita clareza sobre o currículo da sua turma. Analise o que é relevante para seu aluno e como os conteúdos ajudarão em sua autonomia. A partir disso, pense nos objetivos de curto, médio e longo prazo, nas estratégias e recursos pedagógicos e nos critérios de avaliação.

Lembre-se: esse processo deve ser contínuo. Os objetivos devem ser modificados de acordo com o desenvolvimento do aluno.

Use o Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA)

Utilize os princípios do DUA para planejar suas aulas (veja mais sobre esse assunto aqui). Aproveite as informações colhidas para elaborar aulas mais dinâmicas e atrativas.

Exemplo de atividade

Seu objetivo é apresentar diferentes meios de transporte. Seu aluno gosta de carrinhos e usa transporte escolar todos os dias. Aproveite essa informação na roda de conversa, peça fotos dele com os carrinhos e no transporte, as imagens facilitam a comunicação. Essa atividade engajará todos as crianças, pois cada uma contará sua experiência e trará suas fotos. Após esse papo inicial, monte um painel com as imagens e finalize o conteúdo com um passeio a um museu de transporte, por exemplo.

A elaboração do painel de fotos pode ser sua estratégia de avaliação, considerando a participação, interesse e aprendizagem.

Provavelmente seu aluno usuário de cadeira de rodas precisará de recursos de tecnologia assistiva para colar e fixar as fotos. Verifique se ele tem algum material. Caso não tenha, pode-se, por exemplo, usar cola bastão grossa e EVA para engrossar o lápis, facilitando a pegada do material.

Com essas estratégias e recursos simples você engajou e motivou todos os alunos, incluiu e deixou visível seu aluno com deficiência.

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